terça-feira, 18 de março de 2014

Desarmamento


Eu vejo ódio
Sem disfarce.
Eu vejo alvo
Em toda direção.
A metralhadora escolhe cor,
Sexo,
Idade,
Classe social,
Religião.
Mas nome... Tem?
Cláudia,
José,
João,
Maria,
Quem?

Eu vejo gente maltratada, humilhada,
Arrastada, encarcerada, torturada.
E é sempre o mesmo ‘tipo’ de gente:
Gente que não tem direito a nada!

Quem estará salvo?
[da vida]
Quem quer comer da comida que o diabo amassou?
Aos que querem marchar pela família,
Aos que querem a volta da milícia,
Quem morreu? Quem matou?

Nas manchetes de jornal,
É a vida ou é um show?
[de terrorismo].
Onde o egoísmo tem sobrenome
[Liberalismo].
Nas terras do capital,
Se leva peia, sim, senhor!
Que liberdade é essa
De sufocar o amor?

Nas manchetes de jornal,
Conspirações e achismos.
Discurso programado.
E eu não sinto a outra dor.
Exclamo: que horror!
E me ligo na novela,
No futebol,
No reality show.
E a vida segue.
De manchete em manchete,
A gente vai levando...
[Pra onde o sistema leva a gente?]

Quando eu grito os palavrões:
Desmilitarização,
Democratização,
Despatriarcalização,
Justiça social,
Sei que não aparecerão no jornal.

Desarmemos nosso ódio (in)consciente,
A polícia, a direita, a escravidão do sistema
E os idiotas que levantam a bandeira do pavor,
Para que possamos nos armar – em toda parte -
Do amor
[capaz de curar esse mundo cruel e demente]

Porque viver neste mundo, assim, indelevelmente
É coisa que não dá pra levar!
Façamos barulho, minha gente!
Não podemos descansar!

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