sexta-feira, 14 de março de 2014

A novidade

O ano é novo.
Não é novo o esgoto estourado da Lagoa do Mato.
A pobreza de Maria que tem 7 filhos e cria dois netos
Também não é nova.
Novo era o Wellington, negro favelado, quando a polícia o matou.
Mas nova não era a morte pingada todos os dias das surras que levava
Da mãe prostituta, do pai alcoólatra, dos colegas da escola
Que tinham o que ele não tinha...
O sistema é bruto e diz a meritocracia “gente de bem” que: “era ruim porque queria”.
Os ônibus não são novos – assim como a falta deles na cidade. Como falta escola, saneamento, assistência e trabalho.
As sebosas ‘cantadas’ de rua e minha cara de abuso, os estupros, a violência doméstica, a diferenciação salarial, os direitos negados... São coisas de todo dia.
A novidade é que mais pessoas se indignem
Com o esgoto estourado, com a pobreza que não é sua, com o racismo,
Com a falta de política pública de gestões indigestas
Com a sociedade patriarcal e com a o sistema neoliberal que matam.
Que a novidade seja a vida, luta e esperança
No dia em que não o ano será novo, mas, o mundo.

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